sábado, 27 de fevereiro de 2010

APRESENTAÇÃO

BLOGGER – Este BLOG tem, como objeto principal, levantar questões relativas
ao aprimoramento do projeto social e do projeto educacional.
TITULAR - - I – Qualificações Pessoais:
1) – Professor Aposentado
2) – Livre-Docente da UnB - DF
II – Qualificações Profissionais:
1) – Graduado em Filosofia pela FAFI – Uberaba – MG
2) – Graduado em Teologia pela UC – MG
3) – Bacharel em Matemática pela UNIPAM – Patos de Minas – MG
4) – Especialista em Políticas Públicas – UnB – DF
5) – Especialista em Estatística e Métodos Quantificativos – UnB - DF
6) – Especialista em Perícia Criminal – EP-DF.
ÁREA DE INTERSSE – Sociedade: 1) – Organização
2) – Funcionamento/Política
3) – Educação
4) – Profissão
METODOLOGIA - Filosófica







ENSAIO Nº 1 IMPROPRIEDADES TERMINOLÓGICAS


Não confundir Coprofagia com Iguaria!

Todos os nomes e/ou termos de linguagem existem com uma significação própria. É para isto que eles existem. Para transportar a idéia ou pensamento de uma pessoa para outra. Transportar sem adulterar. Cada termo tem uma significação convencionada em determinada língua, para que todos recebam a mesma mensagem ou idéia. Se algum comunicador usa termo portador de outro significado, fora da convenção, interrompe ou destrói a comunicação. Se usa impropriedades terminológicas porque ele assim procederia? Porque pessoas usam palavras inadequadas ou contraditórias? Qual seria a causa ou o motivo provável para isto? A causa poderia ser o desconhecimento da língua ou algum tipo de equívoco ocasional e/ou proposital. No caso de ser proposital, deve haver algum motivo particular ou intenção subjacente de ocultar alguma coisa. Pode, ainda, haver uma outra situação a considerar. O hábito de ver e ouvir manifestações em linguagem imprópria leva os ouvintes a repeti-las em situações semelhantes. As pessoas consideram como correto aquilo que todo mundo costuma dizer (é a moda!). Por isto aceitam o hábito sem qualquer crítica, sem compreender o seu significado ou dando um significado particular diferente da convenção oficial.
A gíria é uma convenção particular de um grupo social que, geralmente, tem uma curta existência. Mas pode, também, ser oficializada por insistência dos meios de comunicação. Veja, por exemplo, o apresentador de um programa nacional de TV. Ele cria termos exóticos e os usa constantemente em todos os programas e por vários anos. A população deixa de usar os termos apropriados ou corretos e passa adotar aquela gíria particular. Outros profissionais - como advogados, políticos, médicos - têm suas gírias ou linguagem própria que eles preferem usar para não serem entendidos pela população em geral. É claro que existem termos técnicos necessários. Mas criar uma linguagem própria é afrontar a sociedade para a qual eles trabalham.
O poder da insistência repetitiva é incalculável. De tanto ver e ouvir algumas informações, as pessoas ficam condicionadas pelo hábito. Não distinguem o que é bom ou ruim, o que é verdade ou inverdade, o que é crença ou o que é ciência, o que é fato ou ficção, o que é religião ou filosofia, o que é vício ou virtude. Os hábitos podem parecer estranhos a outras pessoas, mas para quem se habituou é inteiramente aceitável. É aceitável até se tornarem inviáveis ou prejudiciais. Isto ocorre com animais irracionais e racionais. Há pessoas e animais que adquiriram hábitos alimentares de antropofagia ou de coprofagia. Eles gostam dessa repugnante alimentação. Segundo um provérbio esquecido: ‘para quem adquiriu o hábito, a coprofagia é uma iguaria’. Os hábitos são tão fortes que as pessoas realizam coisas incríveis como autômatos conscientes do ato, mas não da responsabilidade por eles. Podendo ser criado um temeroso fanatismo individual ou coletivo. O perigo aumenta porque o fanatismo coletivo é incontrolável. E quando alguém individualmente ou em grupo organizado utiliza dessas técnicas está desrespeitando o ser humano na sua essência que é a sua consciência racional. Por trás dessas atitudes dominadoras de consciências existem, com certeza, interesses e/ou objetivos que os atores não querem ou não podem declarar.
A repetitividade é um instrumento formador tanto de opinião, como de hábitos. Por isto a ciência usa ocorrências repetitivas em formas estatísticas para pesquisar as causas de fenômenos. De outra maneira, algumas organizações religiosas, caudilhos políticos e outras ideologias, usam a propaganda massiva e extremamente repetitiva, não para encontrar causas, mas para oculta-las. Assim, visando interesses próprios não declarados, bombardeiam agressivamente a sociedade com propagandas massivas e até subliminares. É uma espécie de lavagem cerebral coletiva. As pessoas, não tendo tempo de usar o raciocínio, tornam-se marionetes sob o comando de alguém. Com o tempo, vão sendo formados hábitos ideológicos aceitos pelo grupo sociológico como verdades indiscutíveis. Quando isto ocorre pode estar havendo algum tipo de intenção dissuasiva, uma tentativa de forçar o convencimento ou de ocultação da verdade. Em qualquer dessas hipóteses, a linguagem deixa de cumprir a sua função comunicativa interpessoal, não excluindo a hipótese de demagogia, deslealdade ou de falsa ideologia. A Sociedade não pode tolerar a falsidade ideológica. Ela necessita de uma linguagem clara, precisa e coerente para a comunicação dos sócios. Sem comunicação não há progresso. A comunicação deturpada e falsificada prejudica, retarda e impede os objetivos sociais. É necessário que o comunicador respeite o(s) seu(s) interlocutor(es). Qualquer comunicador pode expor suas idéias e justificá-las, sem querer forçar a aceitação por palavras, gestos, ou atitudes. Ninguém pode ser constrangido por suas idéias, só por seus atos ou comportamento inadequado à sociedade a que pertença. O comunicador é livre/responsável por suas idéias tanto quanto o seu interlocutor por aceita-las ou não. Por isto a repetitividade massiva desrespeita a liberdade de pensar e agir responsavelmente. Todos tem que respeitar para serem respeitados.
Segundo Aristóteles, um ser que não cumpre as propriedades da coisa que ele é, não tem razão para existir. Se a essência humana é a racionalidade, o ser humano tem que agir coerentemente com a sua racionalidade. Do contrário não teria mais razão de existir. É verdade que o ser humano é, também, um ser animal e por isso tem necessidades físicas e fisiológicas coerentes com a sua parte animal. Não seria coerente, porém, satisfazer as necessidades de maneira irracional. As pessoas podem ter os seus diversos interesses, contanto que, não contrários à racionalidade. Era isto que o Filósofo Peripatético entendia como ética.



No próximo ensaio falaremos sobre os termos mal utilizados na linguagem e suas conseqüências